Galeria dos Mártires - Wilson de Souza Pinheiro

WILSON DE SOUZA PINHEIRO
Sindicalista, Líder dos Seringueiros
BRASILÉIA – AC * 21/07/1980

Memória dos 35 anos de seu martírio.

Wilson de Souza Pinheiro, pai de 8 filhos, defensor dos direitos dos lavradores pobres. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Wilson assume decididamente a defesa de seus companheiros, os seringueiros pobres, até ser assassinado, por este motivo, na própria sede do Sindicato dos Trabalhadores de Brasileia.

Wilson tinha 47 anos quando foi assassinado no dia 21 de julho de 1980 pelos pistoleiros José A. Prado e Manoel P. dos Santos, a mando de Nilo Sérgio Oliveira e outro fazendeiro não identificado.

O clima era sumamente tenso naquelas regiões acreanas, quando inclusive os fazendeiros seringalistas chegavam a convidar “a matar padres e freiras” e anunciavam que haveria “muitas viúvas no Acre”. O bispo Dom Moacyr Grechi, organismos sindicais e eclesiais, lideranças políticas e a Anistia Internacional defenderam historicamente a causa dos seringueiros, que mais tarde seria adubada pelo sangue de Chico Mendes.

Abaixo um poema do livro: Raízes, Memória dos Mártires da Terra, de Jelson Oliveira.

WILSON DE SOUZA PINHEIRO

Uma boca maldita do Acre dizia assim:

"Calemos os sinos e todas as fúrias
na resistência funeral dos aromas.
Calemos a fonte, o caimento da noite,
a doce matéria das rosas.
Calemos as rosas e todo amarelo.
Calemos a cor batendo nos olhos,
os círculos, as temperaturas, os espelhos.
Calemos os espelhos ensimesmados, repetindo-se.
Repetindo-nos.

Calemos os meninos e todo relâmpago.
As conveniências, as distâncias, as memórias: calemos!
A pureza dos ventos, a virgindade: calemos!
As digitais do sol na poesia, a lua para o cisne,
A umidade das sementes: calemos.
Calemos as maças, com sangue.

E os orvalhos no lírio, a facadas.
Calemos as pombas com cólera.
E o defunto -- a boca que não fala --
Calemos com formigas.
Calemos o dia. Calemos o som.
E para que ninguém se lembre
Calemos a memória e o homem que anuncia."

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

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