Galeria dos Mártires - Chacina de Vigário Geral

CHACINA DE VIGÁRIO GERAL
Mártires inocentes 
RIO DE JANEIRO * 29/08/1993  

A Chacina de Vigário Geral foi um massacre ocorrido na favela de Vigário Geral, localizada na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Ocorreu na madrugada do dia 29 de agosto de 1993, quando a favela foi invadida por um grupo de extermínio formado por de mais de cinqüenta homens encapuzados e armados, que arrombaram casas e executaram vinte e um moradores, sendo 13 homens, 6 mulheres e 2 adolescentes. Nenhuma das vítimas possuísse envolvimento com o tráfico de drogas. A chacina de Vigário Geral foi uma das maiores a já ocorrer no Estado do Rio de Janeiro. 

Foram assassinados o estudante Fábio Pinheiro Lau, 17 anos, o metalúrgico Hélio de Souza Santos, 38 anos, Joacir Medeiros, 69 anos, o enfermeiro Guaracy Rodrigues, 33 anos, o serralheiro José dos Santos,47, Paulo Roberto Ferreira, 44, motorista, o ferroviário Adalberto de Souza, 40, o metalúrgico Cláudio Feliciano, 28, Paulo César Soares,35, o gráfico Cléber Alves, 23, Clodoaldo Pereira, 21, Amarildo Baiense,31, o mecânico Edmilson Costa,23 , o vigia Gilberto Cardoso dos Santos, 61, o casal Luciano e Lucinéia, 24 e 23. Em seguida executaram Dona Jane, 58, sua nora, Rúbia, 18, o marido e a filha Lúcia, 33. Lá, morreram também, Luciene, prestes a completar 16 anos e Lucinete, 27. As crianças, com idades entre 9 e 5 anos, conseguiram fugir, pulando para a rua de uma altura de dois metros. Uma delas saltou com uma criança de seis meses no colo.

Segundo relatos, a chacina teve sua origem na morte de quatro Policiais Militares no dia 28 de agosto de 1993 na Praça Catolé do Rocha, no bairro de Vigário Geral. No dia anterior, policiais que haviam matado o irmão de Flávio Pires da Silva, 23, conhecido como "Flávio Negão" — chefe do tráfico na favela — foram até o principal ponto de venda de drogas da comunidade para pegar o dinheiro da propina, paga para aliviar a repressão. Chegando à Praça Catolé da Rocha, a viatura foi surpreendida por um cerco de Flávio Negão e seus comparsas, que executaram os quatro PMs que estavam nela. Como vingança, no dia seguinte aconteceu a chacina.


Foi a maior chacina registrada na história da polícia fluminense. Dos 52 PMs denunciados pelo Ministério Público, apenas sete foram condenados, e dentre eles somente Paulo Roberto Alvarenga e José Fernandes Neto foram levados a júri popular. Em 27 de abril de 1997, Alvarenga foi condenado a 449 anos e oito meses, mas teve a sua pena reduzida para 57 anos pelo Supremo Tribunal Federal. Como a pena foi superior a 20 anos, ele protestou por novo júri. Em 20 de setembro de 2000, José Fernandes Neto foi condenado a 45 anos e, como Alvarenga, recorreu da sentença. A Chacina do Vigário Geral alcançou repercussão internacional. 



Comentários

  1. Sinopse
    “... Por primeiro, sempre me instigou a reação do autor ao que ele entendia como acusação e prisão infame e injusta, bradando de modo muito peculiar a sua inocência, em todos os momentos nos quais comparecia ao II Tribunal do Júri para as audiências. Em segundo lugar, a Chacina de Vigário Geral já foi objeto de documentário; programas de televisão; inúmeras reportagens em todos os meios de comunicação etc., porém, é a primeira vez que um dos acusados da Chacina materializa em livro (o que é diferente de uma mera entrevista) a sua versão e análise dos fatos que culminaram com a sua prisão, denúncia e, ao final, absolvição pelos jurados (leia-se, a sociedade representada por sete pessoas), contrapondo-os... Em outras palavras, é o respeito à liberdade de expressão e ao contraditório que me motiva a apresentar a obra de Sérgio Cerqueira Borges... A coragem em se expor é facilmente constatada com a leitura do livro. Coragem que aprendi a admirar e, não posso deixar de consignar, se fez fundamental para o esclarecimento, se não da própria Chacina, para a identificação de parte dos covardes algozes que a cometeram.” (Desembargador do TJRJ – José Muiños Piñeiro Filho).

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